Doença de Legg-Calvé-Perthes: o que é, sintomas e tratamento

Atualizado em setembro 2022

A doença de Legg-Calvé-Perthes, ou doença de Perthes, é uma doença rara mais comum em crianças do sexo masculino entre 4 e 8 anos .

Esta doença se caracterizada pela diminuição do fluxo de sangue para a região do quadril, principalmente no local onde os ossos se ligam com a cabeça do osso da perna, o fêmur.

A doença de Legg-Calvé-Perthes é auto-limitada, já que o osso cicatriza sozinho ao longo do tempo devido ao restabelecimento do fluxo sanguíneo local, porém pode deixar sequelas. De qualquer forma, é importante que o diagnóstico seja feito precocemente para evitar deformações ósseas e aumento do risco de artrite do quadril na vida adulta.

Imagem ilustrativa número 2

Principais sintomas

Os sintomas mais característicos da doença de Legg-Calvé-Perthes são:

  • Dificuldade para caminhar;
  • Dor constante no quadril, o que pode levar à incapacidade física;
  • Pode haver dor dor aguda e intensa, porém isso é raro, dificultando o diagnóstico precoce.
  • Dificuldade para movimentar a perna;
  • Amplitude de movimento limitada com a perna.

Na maioria dos casos, estes sintomas só afetam uma perna e um lado do quadril, mas existem algumas crianças em que a doença pode se manifestar nos dois lados e, por isso, os sintomas podem aparecer em ambas as pernas, sendo denominada bilateral.

Como diagnosticar

Além de avaliar os sintomas e o histórico da criança, o pediatra também pode colocar a criança em várias posições para tentar entender quando a dor é mais intensa e, assim, identificar a causa da dor no quadril.

Os exames normalmente solicitados são radiografia, ecografia e cintilografia. Além disso, pode ser realizada a ressonância magnética com o objetivo de realizar o diagnóstico diferencial para sinovite transitória, tuberculose óssea, artrite infecciosa ou reumática, tumores ósseos, displasia epifisária múltipla, hipotireoidismo e doença de Gaucher.

Como é feito o tratamento

O objetivo principal do tratamento é manter o quadril centrado e com boa mobilidade durante todo o processo da doença para evitar a deformidade do quadril.

Essa doença é considerada auto-limitada, melhorando espontaneamente. No entanto, é importante que o ortopedista indique a diminuição ou o afastamento do paciente das atividades de esforço para o quadril e realize o acompanhamento. Para movimentar-se, é indicado que a pessoa use muletas ou o talabarte, que é um dispositivo ortopédico que prende o membro inferior afetado, mantendo o joelho flexionado por meio de uma cinta fixa à cintura e ao tornozelo.

A fisioterapia é indicada durante todo o tratamento da doença de Legg-Calvé-Perthes, sendo realizadas sessões para melhorar a movimentação da perna, aliviar a dor, impedir a atrofia muscular e evitar a limitação de movimentos. Em casos mais graves, quando há maiores alterações no fêmur, pode ser recomendada a realização de cirurgia.

O tratamento pode variar de acordo com a idade da criança, grau do dano na cabeça do fêmur e estágio da doença no momento do diagnóstico. Caso sejam verificadas grandes alterações no quadril e na cabeça do fêmur é muito importante que seja iniciado um tratamento específico para evitar complicações na vida adulta.

Dessa forma, o tratamento para a doença de Legg-Calvé-Perthes pode ser dividida da seguinte forma:

Crianças até 4 anos

Antes dos 4 anos, os ossos encontram-se em fase de crescimento e desenvolvimento, de modo que na maioria das vezes evoluem para a normalidade sem que seja realizado qualquer tipo de tratamento.

Durante estes tipos de tratamento, é importante fazer consultas regulares no pediatra e com o ortopedista pediátrico para verificar se o osso está cicatrizando corretamente ou se existe alguma piora, sendo necessário reavaliar a forma de tratamento.

Alguns fatores podem influenciar no resultado final do tratamento, como sexo, idade em que foi feito o diagnóstico, extensão da doença, época de início do tratamento, peso corporal e se há mobilidade do quadril.

Mais de 4 anos

Geralmente, após os 4 anos os ossos já estão bastante desenvolvidos e com a sua forma quase final. Nestes casos, o pediatra normalmente recomenda fazer uma cirurgia para realinhar a articulação ou remover o excesso de osso que possa existir na cabeça do fêmur, devido as cicatrizes deixadas pelas fraturas, por exemplo.

Além disso, nos casos mais graves, em que houve deformidade, pode ser necessário substituir a articulação do quadril por uma prótese, de forma a acabar de vez com o problema e permitir que a criança possa se desenvolver corretamente e ter uma boa qualidade de vida.